Debaixo d'água


O governo é o principal culpado pelas enchentes que acontecem nas
grandes cidades blábláblá e todo mundo tá ciente disso. O que falta
entender é que todo mundo também tem uma parcela de culpa e que
velhos hábitos, se não forem corrigidos, vão continuar contribuindo
para novas instalações do caos.



Ilustração de Guy Billout


Então vamos logo à prática: além de votar, o que mais a gente
pode fazer? Seguem sugestões acompanhadas de algumas
breves e necessárias reflexões:

1) Separar seu lixo.

Tá bom, eu tô repetitiva. Acontece que as consequências dessa
ação são tantas - principalmente quando imaginamos o impacto
que uma população inteira é capaz - que ela sempre aparece
como peça-chave da solução.

Separar o lixo deveria - e eu acho de verdade que daqui a um
tempo será - uma ação tão automática e óbvia que a gente vai
olhar pra trás e se perguntar completamente indignados 'como 
assim eu jogava lata de atum e casca de abacaxi no 
mesmo lixo?!', mais ou menos do mesmo jeito que eu fico 
indignada quando me lembro que até pouquíssimo tempo atrás 
uma pessoa podia fumar um cigarro em pleno avião
separada de você por menos de 30 centímetros!


2) Não jogar lixo nas ruas.

Nisso já melhoramos um monte, mas eu ainda me impressiono
com o tanto de gente que acredita que a bituca do cigarro
quando cai no chão sublima! A gente tá acostumado a ver lixo
entupindo as bocas de lobo em todo canto, entulho sendo
despejado de forma ilegal e sabe bem que uma quantidade
enorme de materiais diversos estão obstruindo canais e 
galerias. Essa matéria do Estadão conta que 364 mil toneladas
de lixo e areia prejudicam o curso normal do Tietê.


3) Questionar a necessidade de um carro.

Olha só, eu não sou radical. Não acho que os carros são o fim
do mundo mas quando olho para o trânsito de São Paulo tenho
certeza que a falta de bom senso é. Uma coisa é ter carro e
usar com moderação pra viajar no fim de semana ou levar a
namorada pra jantar. Outra é gastar duas horas no trânsito no
fim de cada dia. A solução depende de cada caso.

No meu, por exemplo, foi começar a voltar pra casa a pé. Para
minha surpresa, descobri que eu gasto exatamente o mesmo 
tempo que o ônibus, além de umas calorias. Tudo muito depende 
de onde você mora e trabalha, mas é certo que sempre existe uma 
alternativa. Senão ônibus e metrô, servem as pernocas ou até 
carona do colega de trabalho. Quem sabe dividir a gasolina?

Pode-se sim ter um carro, mas quando eu digo um é um mesmo.
Um por casal ou um por família, porque não tem nada mais sem
noção que família classe média com 4 pessoas e 4 carros, todo
mundo saindo de manhã pro trabalho e faculdade, cada um no 
seu. Eu posso criticar à vontade porque há alguns anos era
exatamente assim a minha vida na casa dos meus pais. Lembro
do belo dia que minha mãe se deu conta que ela economizaria rios
de dinheiro se tivesse só um carro em casa (imagina quanto custa 
gasolina, seguro, ipva e manutenção..) e contratasse um motorista. 
Nem comento a alegria de não ter que procurar vaga e aguentar 
flanelinha. Fica a dica.

Outra coisa que eu sempre me lembro é do comentário de um amigo
sobre usar carro pra trabalhar: 'Neguinho gasta combustível para
mover uma máquina de mais de uma tonelada para transportar
uma pessoa de 70 kg.' Imbecíl, gente. Não tem outra definição.

O problema do carro ainda vai muito mais longe quando pensamos
no quanto as cidades vêm sendo impermeabilizadas. Tacam
asfalto por cima de tudo e acham que não vai ter problema lá na
frente. Aí vem a população insandecida, que continua escrava das
concessionárias, pagando as trocentas prestações do carro e o
governo chega pra completar o cenário de horror gastando todo
o dinheiro que iria pro transporte público na ampliação do
número de faixas nas avenidas.

Engraçado como essas questões de sustentabilidade estão todas
interligadas. Eu comecei o post pra falar sobre lixo e enchentes e
acabei desabafando sobre essa dinâmica bizarra dos carros que
parece ser invisível pra todo mundo e impossível de se controlar.
Encontrar a solução é tarefa bem complexa mas um início é lembrar
que dentro de cada carro existe uma pessoa que pensa. Falta só
alguém dar um toque para que ela comece a pensar melhor.

3 comentários:

julia valle disse...

Gra,

Sobre os carros você já sabe que eu nao teria como concordar mais. Mais imbecil ainda seria ter uma tonelada pra transportar 40kg! heheh
Tambem penso nisso todo dia, e por mais que os cariocas tentem me convencer de que o transporte publico é uma merda (é nada, tá perto de ótimo aqui!) e que ter um carro é essencial, continuo saudável (caminhando uns 5km por dia) e com a consciência limpa : )

E só pra encher um pouco o saco, CARRO GRANDE PAU PEQUENO! : )

bjinhos

Alice disse...

"CARRO GRANDE PAU PEQUENO"

Lembro dessa frase TODOS os dias que passo por um carro gigantesco com um cara de qq tamanho (e peso) dentro.

: )

Gra, quero te ler no meu google reader. nao tem jeito ainda né?

vou tentar um outro jeito. eu esqueço de entrar em blogs, essas ferramentas me ajudam mto.

to adorando o blog, parabéns, se puder contribuir te mando coisas.

bjos!

groselha disse...

garotas, AMEI saber que vcs tão lendo o blog!

contribuições, críticas, sugestões, tudo muito bem vindo! :]

inclusive, já coloquei o botãozinho de feed ali do lado!

muito brigada, fofuras!