Evitando o desperdício


Em janeiro desse ano eu saí do ninho e finalmente realizei o sonho
da casa própria alugada. Se por um lado descobri que várias das
funções domésticas são bem simples e até gostosas, por outro
apanhei bastante para me acostumar com a administração da
comida dentro de casa. Perdi a conta das vezes que calculei mal a
compra do supermercado e acabei tendo que jogar um monte de
coisa velha e - argh! sim, eu confesso - mofada no lixo. Só depois
de alguns meses praticando, consegui chegar a uma equação
compra/consumo equilibrada.

Bem nessa época, em que eu me matava de culpa jogando fora
legumes revestidos de veludo, assisti a essa propaganda do
Instituto Akatu e vi que muito infelizmente eu não estava só.



Gente, um terço é coisa pra caramba! Me lembrei na hora daquela
fala materna que dizia que enquanto eu desperdiçava comida,
criancinhas passavam fome na rua. E é a mais pura verdade. Sem
contar o que se gasta de tempo, água, energia e, claro, dinheiro
para produzir essas coisas todas que vão direto.. adivinha? pro lixo.
É o cúmulo.

Para não continuar a repetir tamanha burrice, existem algumas ações
bem simples para gente adotar. Não dói nada e faz muita diferença:

1) Planejar o que comer durante a semana. Só isso evita que você
se empolgue enchendo o carrinho e ajuda a focar no necessário, ou
seja, faz bem para o mundo e para a sua carteira. Além disso,
planejando bem o menu dos próximos dias, é muito mais provável
que você se anime a testar alguma receita nova.

2) Falando em receita, outra boa dica é usar as partes dos 
alimentos que sem nem pensar todo mundo joga fora. 
Exemplo? Talos das folhas são super nutritivos e podem ser 
refogados, usados em quiches, omeletes e sopas. Cascas de frutas 
viram sobremesas, bolos e deixam os sucos muito mais ricos.

3) Pra quem tem preguiça de cozinhar todo dia, o conselho é fazer
em maior quantidade e guardar em porções individuais. Essa
prática além de poupar tempo ainda contribui para a sua dieta.

4) Ainda assim sobrou comida? De onde você menos espera pode
sair um soufflé maravilhoso e facinho de fazer.

O Na Lata em breve vai trazer receitas sem desperdício, além
de um montão de novidades. Mil planos para 2010! Aguardem. ;]

Lixo não é esgoto


Soube outro dia que trituradores de resíduos são a nova tendência para muitas construtoras brasileiras e fiquei realmente preocupada. Vendidos como uma alternativa sustentável por sua capacidade de reduzir o volume do lixo orgânico, esses trituradores instalados nas pias de cozinha na verdade só transferem o problema de lugar.

Os fabricantes, obviamente priorizando o aumento das vendas, apresentam o produto como a brilhante solução para uma cozinha mais higiênica e responsável e usam como forte argumento a superlotação dos aterros sanitários.

Dá só uma olhada no vídeo abaixo:



Eles se esquecem de dizer que resíduos orgânicos não são os principais vilões dos aterros e que trituradores infelizmente não são mágicos.

Quando utilizados, eles fazem com que os restos de alimentos deixem de ocupar espaço nos lixões para aumentarem a carga de resíduos sólidos a ser tratada pelas redes de esgoto. Como se não bastasse, ainda gastam energia e podem provocar sérios entupimentos.

Ainda que nos Estados Unidos a grande maioria seja adepta dos trituradores, não dá pra esquecer que nossa realidade é outra: estações de tratamento brasileiras simplesmente não são preparadas para receber essa enorme carga de matéria orgânica. Além do mais, a utilização desses aparelhos não faz o menor sentido: resíduos sólidos retirados do esgoto são enviados a aterros sanitários. Para que então sobrecarregar as estações de tratamento - criando riscos e aumentando custos - se os dois caminhos têm o mesmo fim?

Às vezes a gente tem a melhor das intenções mas toma a decisão errada por pura falta de informação. Então fechando o post pra ninguém esquecer: Lugar de lixo não é na rede de esgotos.

The Story of Stuff


Muito mais importante que assimilar a problemática do lixo é entender a origem dessa loucura e se conscientizar sobre a gravidade do consumismo desenfreado.

A grande maioria das pessoas passa a vida insatisfeita porque se mata de trabalhar para comprar coisas que não precisa. Pouco tempo depois, a moda muda, surge um novo modelo de ipod ou celular e as pessoas se obrigam a ter tudo novo de novo.

É assustador saber que 99% de todas as coisas produzidas e compradas nos Estados Unidos vira lixo em 6 meses. Ok, os americanos são de longe os seres mais consumistas, mas é justamente esse comportamento insano que anda regendo o mundo.

Depois de 10 anos de pesquisas sobre a origem e o destino das coisas, Annie Leonard conseguiu traçar um panorama sobre todo o sistema em que estamos envolvidos num vídeo simples porém bastante esclarecedor.

No site The Story of Stuff, você assiste a versão original em melhor qualidade mas, se preferir, o vídeo abaixo tem legendas em português.

São apenas vinte minutinhos que valem muito a pena.

Campeão Mundial

O Brasil recicla cerca de 9 bilhões de latas por ano, o que significa mais de 90% da sua produção total. No ranking mundial, a gente pode se gabar por ocupar o primeiro lugar nesse quesito.

Em tempo: cada tonelada de lata reciclada preserva 5 toneladas de bauxita.

Estamira




Essa foto, feita em um aterro sanitário de Duque de Caxias, é parte
do livro Jardim Gramacho do Marcos Prado, diretor de Estamira.

Lembro que fiquei encantada com esse filme por mostrar tanta beleza
numa paisagem horrenda, tanta sanidade na loucura e ainda conseguir
me fazer pensar em conceitos vários sobre religião, família, trabalho,
consumo, valores e a forma caótica que a sociedade se organiza.

Se você não viu, veja. Eu acabei o post com vontade de ver de novo.

Plástico de Milho




Adorei saber da existência da TerraWare, uma empresa americana que desenvolve produtos a partir de um bioplástico feito de creme de milho. São talheres e pratos de ótima durabilidade que - pasmem! - vão do microondas à máquina de lavar.

O melhor de tudo? Um pratinho desses, depois de descartado, leva em média 5 MESES para se degradar completamente, enquanto um de plástico normal chega a 100 ANOS.

Prato de plástico é terrível e a gente só usa em último caso, né? Mas pensa em quanta coisa esse material de milho pode ser útil! São notícias desse tipo que mantêm meu otimismo e me fazem continuar acreditando que a gente ainda vai achar solução para todos esses problemas que a gente mesmo criou. :]